quinta-feira, 6 de junho de 2019

Últimos dias

Há dias de entrar no nono mês de gestação, minha ansiedade de estimação volta a dar o ar da graça. Tenho tentado estar o mais informada possível, lendo o máximo de post, noticias, além das redes sociais estarem inundadas com dicas de profissionais dividindo conhecimentos. Mas a sensação de desespero  persiste, ainda que perene. 
Na ultima consulta com o médico que irá acompanhar meu parto conversamos muito sobre como havia sido estes meses de aprendizado, deixei claro que sabíamos o que era a violência obstétrica e meu acompanhante estava instruído a chamar as autoridades locais se notasse  que algum procedimento sem autorização estivesse sendo feito durante o trabalho de parto. Por sua vez, o doutor pareceu bastante tranquilo e seguro a respeito do seu lugar durante e que nesse nosso momento (meu e do meu filho) dizendo que seria apenas um coadjuvante atento para entrar em ação apenas em casos de necessidade. 
Foi então que nos preparou para os momentos em que antecediam o alumbramento, e por razão do afeito do anestésico endógeno, entraria em êxtase, sem controle das minhas faculdades mentais e que teria fim com o nascimento da criança. 
Nesse momento pude imaginar que o parto seria uma especie de transe, onde os tais anestésicos endógenos me levariam a outra dimensão, onde teria que encontrar meu filho em meio ao caos e traze-lo ao planeta Terra, e, ao final desse processo, mãe e bebe estariam, juntos, ao lado do pai, celebrando este incrível encontro. 
Claro que esta cena de filme teria que, obrigatoriamente, fazer parte de um parto normal. É meu desejo, mas tudo pode mudar, não sabemos como será esse encontro. O psicologo me alertou que este encontro poderia ser maravilhoso ou não. Quando irei aprender que vivemos num mundo de incertezas?

Segue uma pequena playlist de músicas para transe:

1- The end (The Doors)




2- All along the wathctower (Jimi Hendrix)




3- Arauco tiene una pena (Los Jaivas)



terça-feira, 4 de junho de 2019

Eu to grávida

Esta semana entro na reta final da minha gravidez. Nestes 8 meses que se passaram, muito aprendizado e muitas sensações, uma verdadeira revolução. A pessoa que descobriu sua gravidez em novembro de 2018 já não é mais a mesma que escreve estas linhas em junho de 2019. Sinto como se vivesse um período de despedidas, quiza apenas o fim de um ciclo.

 A partir do nascimento do meu filho, já não serei apenas eu. Por tal razão me preocupa muito a como meu self vai sobreviver a este furacão. Quero não me perder, não esquecer dos meus sonhos, e não acreditar na falácia que a mãe sacrifica tudo por seus filhos. que deixa de existir para poder dar espaço a este ser que vem a caminho e que responsável (e única segundo alguns). 

Lembro quando tive uma perda em agosto de 2018. Sentia uma esperança desesperada, vontade de encontrar vida em meio escombros de incêndio. Lembro de um sentimento que seria capaz de mover mundos para encontrar vida. 

Passaram-se poucos meses e o teste de gravidez da farmácia indicava que teríamos novas emoções a caminho. Mas desta vez seria um positivo que chegaria ao fim? Claro, o medo estava lá e ao passo de algumas semanas tudo se elucidou. Na verdade, foi o fim de um medo e o inicio de inúmeros outros. Aquela chuva hormonal que provou mal estar e sentimentos confusos duraram 3 meses, e logo começou uma fase linda. Onde já não haviam montanhas russas hormonais e uma barriguinha que trouxera a enunciação. Era real: vinha alguém a caminho. O segundo trimestre foi sem duvida o mais lindo período que vivi nesta gestação. 

Me refiro com distanciamento de um período que se separam apenas por algumas semanas de hoje, porque com a chegada do terceiro trimestre aproxima o momento de encontro com meu filho, e tudo que acarreta. Descobri a parte não tao legal da gravidez, cesárias desnecessárias, violência obstétrica, falta de empatia, mulheres desinformadas. Descobrir como tratam as gestantes e os recém nascidos foi algo muito chocante e triste. A solidão materna que a sociedade impõe é cruel demais e não pude evitar sentimentos como dor, revolta e vontade de fazer algo. Entendi também que é necessário uma aldeia para criar uma criança e que toda a sociedade tem de estar comprometida. 

Uma vez escutei uma mãe me dizer que a maternidade era maravilhosa e que a recomendava a todas. Até o presente momento não me sinto capacitada para recomentar a todos. Se você não quer e nem sente vontade, está tudo bem. É necessário um bocado de disposição para viver essas aventuras e tenho certeza que vive-se muito bem sem conhece-las. 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Vida louca

Parece que faz tempo tempo que fui embora, que perdi a noção. Antes mesmo de saber que queria ir, já estava há um ano tentando partir. Isso foi em 2014. Em tempo cronológico de fato não impressiona... O que são 3 anos, afinal?.
O primeiro ano, foi uma espécie de"ano sabático", algumas viagens e muitas experiências. Primeiro a aridez do verão chileno. Logo a imponência do gelo canadense, meses mais tarde, a poesia da Itália. Ao final desde ano de tantas vivencias, começaria aquela que seria a mais dolorosa: a imersão pessoal.
Enfrentar os próprios demônios não é propriamente a tarefa mais fácil a se fazer, mas obviamente, muito recompensadora. O período em que abracei meu próprio demônio foi relativamente curto, apenas alguns meses, mas vividos de forma intensa. Tão intenso que o fim de 2015 foi tomada a decisão que jamais havia planejado. Ir viver e conhecer outros mares.
2016 seria o ano da organização financeira e emocional. Tudo calculado e milimetrado. Tudo certo. Mas sabiamente Allen escreveu: "se você quiser fazer Deus rir, conte seus planos a ele".
O ano de 2016 novamente havia que abraçar meu demônio, mas em outro lugar. Onde a cultura e o idioma seriam diferentes, e a aproximação de pessoas tão desconhecidas, como minha família, traria outras questões à tona.
Paralelamente às questões existenciais, surgira uma pessoa que me faria sentir aquilo que jamais havia sentido. Era o amor que chegara para me surpreender mais uma vez. Se havia algo que não estava planejado em todo o ano de 2016, era o amor, o desejo, os planos. Quando minha vida foi se entrelaçando à desta criatura, já não havia nada a fazer, além da entrega. Parecera estar tudo planejado, e deveria apenas me reder.
2017 começa e está em curso. E pergunto, você tem algum plano para fazer deus rir?

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A onda da música

Escutar Take Five é como nadar num oceano de serenidade, livre de qualquer perigo ou preocupação. Onde a imensidão deixa qualquer problema longe de alcance, e o silêncio absorve qualquer resquício de humanidade, tornando 5'30'' uma eternidade celestial.
Mas meu amigo Oscar Wilde, em "A sombra do Homem" tece duras críticas, quanto ao gosto popular e sua falta de compreensão da qualidade artística. De fato, ao observar algumas amostras de hits, não se observam grandes complexidades ou profundidades. Acredito que seja muito raso atribuir à falta de intelecto, em minha singela opinião, possa estar mais relacionada com as ondas cerebrais.
A atividade elétrica cerebral está sendo estudada, e há muito para elucidar, porém sabe-se que a música pode deflagar diferentes alterações fisiológicas, que podem variar desde alterações na pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, temperatura corporal, parâmetros bioquímicos do sistema endócrino e imunológico, etc! Acrescento que todas essas alterações não se dão apenas em nós, animais humanos, assim como em animais irracionais há estudos sobre a influência da musicoterapia.
Quando uma pessoa ou mais conseguem captar a frequência de uma música em um mesmo ambiente - ou seja "curtem muito"- é fabuloso, pois essas pessoas encontram-se na mesma vibração. É como uma união magnética, uma espécie de transe coletivo.
Obviamente, que são muitos os fatores que fazem as pessoas gostarem desde ou daquela onda musical, no entanto, acredito que a influencia dos fatores galvânicos da música não devem ser ignorados. 

Bom papo na sua mesa de bar!

Delicie-se com a maravilha deste clássico!










sexta-feira, 23 de março de 2012

Medo do medo

Fico me perguntando, o instinto será sinônimo parar medo? Instinto é algo que nós animais temos, porém estamos cada vez mais desconectados com esse sentimento que protege a todos os animais. Sabe-se que antes do Tsunami, que ocorreu no oceano Índico em 2004, devastasse a Ásia, elefantes dos zoológicos fugiram de seus locais por "pressentirem" o desastre. Nós, animais humanos, estamos cada vez mais distantes dos nossos instintos de sobrevivência que está sendo substituído pela cultura do medo.

A mídia todo o tempo dispara informações sobre a violência nas cidades e o que se vê é o pânico tomando conta das pessoas. Esse sentimento entra no inconsciente popular se transforma em histeria coletiva, fazendo com que as pessoas se protejam de todas as maneiras possíveis e imagináveis, passando a falsa impressão que se está a salvo, quando na verdade o medo está dentro de nós, macerado em nosso íntimo nos fazendo temer qualquer movimento que não seja calculado, transformando-nos em escravos desse sentimento, tornando-nos impotentes para lutar contra isso.

Uma certa vez escutei um bombeiro em uma reportagem dizer que era o medo que o mantinha vivo, pois se arriscava diariamente e havia perdido totalmente a noção do perigo. Por isso, quero aqui deixar explícito, que o medo pode sim nos manter vivos, mas em proporções reais, pois a atualidade faz com que nossa mente viva situações irreais nos fazendo congelar ante a esse sentimento e deixar de ter uma vida saudável.

Quero deixar aqui um trecho do documentário Sangue Latino, apresentado na TV Cultura e também um vídeo falando sobre o medo, do grande jornalista uruguaio, Eduardo Galeano:

A fome se alimenta de medo,
E o medo ao silêncio
O medo ameaça:
se você ama, terá Aids
se fuma, terá câncer
se respira, terá contaminação
se bebe, terá acidentes
se come, terá colesterol
se fala, terá desemprego
se caminha, terá violência
se pensa, terá angústia
se duvida, terá loucura
se sente, terá solidão.

O medo global - Eduardo Galeano (espanhol)


Os que trabalham têm medo de perder o trabalho
Os que não, medo de nunca encontrar trabalho
Quem não tem medo da fome,
tem medo da comida.
Os motoristas têm medo de caminhar,
e os pedestres de serem atropelados.
A democracia tem medo de recordar,
e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares,
os militares têm medo da falta de armas.
As armas têm medo,
da falta de guerras.
É o tempo do medo:
Medo da mulher pela violência feita pelo homem,
e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões sem medo da polícia.
Medo da porta sem fechadura,
ao tempo sem relógios.
Da criança sem televisão
Medo da noite sem remédios para dormir,
e da manhã sem remédios para acordar.
Medo da solidão
e medo da multidão.
Medo do que foi,
medo do que será.
Medo de morrer,
medo de viver.
(trecho do vídeo postado acima)

terça-feira, 20 de março de 2012

Feminismo?

Quantas vezes, você mulher, está andando tranquilamente pela rua e um ser humano do sexo masculino acaba com seu dia? Esta criatura inundada com o ranço machista que permeia nossa sociedade se acha no direito de, apenas porque estar ali cruzando o seu caminho, descarregar todos seu galanteios fajutos que dilaceram nossa alma.

Quantas vezes nós sofremos de algum tipo de abuso seja moral, psicológico ou físico? Quantas vezes nos escondemos atrás de um machismo asqueroso que nos faz pensar que a culpa é nossa, seja pela roupa que vestimos, pelo "excesso" de simpatia ou até mesmo por gesto delicado.

Quantas vezes fomos subestimadas pela nossa aparência frágil e feminina? A mídia frequentemente reforça a postura da mulher como um objeto, menosprezando sua capacidade de raciocínio por valorizar suas formas, mas o pior mesmo é ver as mulheres assumindo essa imagem que apenas nos deprecia.

 Cabe a nós mulheres nos conscientizar que não devemos aceitar que nossa imagem esteja vinculada com algo que não seja intrínseca da nossa personalidade e jamais permitir a subjugação.

Incrível como este texto da Maria Lacerda de Moura, escrito na década de 20 é extremamente atual:

 “A alma feminina jaz adormecida dentro dos trapos, das jóias, do império da moda – a eterna sultana desse harém de civilizados que ainda compram, vendem, exploram, seduzem, abandonam por imprestável a mesma mulher, cuja posse exclusiva consiste a sua preocupação única. É deprimente a situação da mulher neste meio de cafetismo social em que os homens não sabem olhar uma mulher senão desrespeitando-a.”

 — Maria Lacerda de Moura, Religião do amor e da beleza (1926)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Jorge Amado

Acabo de escutar na rádio que o museu da Língua Portuguesa abrirá uma exposição sobre o Jorge Amado em abril/2012. Jorge é um revolucionário! Obviamente no inconsciente popular o que se encontra é Gabriela, cravo e canela, Tieta do Agreste e Dona Flor e seus dois maridos; mas na minha opinião, esses trabalhos não são os melhores.

Em 1931, com apenas 19 anos publicou seu primeiro livro, O país do carnaval. Capitães de Areia, obra publicada em novembro de 1937, foi perseguida pelo governo, sendo queimados em Salvador 808 exemplares em praça pública, junto a outros livros do autor e outros escritores, como José Lins do Rego, sob o pretexto de se tratar de objeto de propaganda comunista.Em dezembro do mesmo ano a obra foi também uma das que foram apreendidas nas livrarias do Rio de Janeiro, sob a alegação de serem "nocivas à sociedade"'.

Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1935. Militante comunista, foi obrigado a exilar-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez longa viagem pela América Latina.

Em 1945, foi eleito membro da Assembléia Nacional Constituinte, na legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi o autor da lei, ainda hoje em vigor, que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai.

Em 1947, ano do nascimento de João Jorge, primeiro filho do casal, o PCB foi declarado ilegal e seus membros perseguidos e presos. Jorge Amado teve que se exilar com a família na França, onde ficou até 1950, quando foi expulso.

A obra de Jorge Amado mereceu diversos prêmios nacionais e internacionais, entre os quais destacam-se: Stalin da Paz (União Soviética, 1951), Latinidade (França, 1971), Nonino (Itália, 1982), Dimitrov (Bulgária, 1989), Pablo Neruda (Rússia, 1989), Etruria de Literatura (Itália, 1989), Cino Del Duca (França, 1990), Mediterrâneo (Itália, 1990), Vitaliano Brancatti (Itália, 1995), Luis de Camões (Brasil, Portugal, 1995), Jabuti (Brasil, 1959, 1995) e Ministério da Cultura (Brasil, 1997).

Recebeu títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina; além de ter sido feito Doutor Honoris Causa em 10 universidades, no Brasil, na Itália, na França, em Portugal e em Israel. O título de Doutor pela Sorbonne, na França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, em sua última viagem a Paris, quando já estava doente.

Essa exposição certamente será incrível, recomendo a todos!!